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26 de agosto de 2011

moras nas minhas pálpebras e eu não sei o que te vestir. o teu corpo tem formas diferentes: regressaste ao que eras para mim. a pele esticada, os olhos cintilantes, o andar decidido que se reflecte nos gestos e que segreda a ânsia da vida. sorris para os que passam e esqueces-te de ti. chamo o teu nome mas continuas o teu caminho, como se não o conhecesses ou como se procurasses um destino melhor. desapareces de tempos a tempos, mas sei que te encontro sempre nas minhas pálpebras.

24 de agosto de 2011


E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

| David Mourão-Ferreira |

19 de agosto de 2011

«(...) It seems I am trying to tell you a dream--making a vain attempt, because no relation of a dream can convey the dream-sensation, that commingling of absurdity, surprise, and bewilderment in a tremor of struggling revolt, that notion of being captured by the incredible which is the very essence of dreams...no, it is impossible; it is impossible to convey the life-sensation of any given epoch of one's existence--that which makes its truth, its meaning--its subtle and penetrating essence. It is impossible. We live, as we dream--alone...»

| Joseph Conrad, Heart of Darkness |

18 de agosto de 2011

... das luzes, dos acordes e das harmonias? É tudo encantamento e a realidade foge para um recanto desarrumado do cérebro.  Passas a viver do ar, daquilo que sonhas, do que queres desesperadamente ser. E esqueces uma parte do mundo à tua volta. Num ápice, fechas os olhos às coisas que importam e que pulsam. Consegues apagá-las, mesmo depois de terem habitado o teu centro? Redefiniste prioridades. Mas está tudo bem. Agora sim, és feliz.

17 de agosto de 2011

Uma pequenina luz



Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una picolla… em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indeflectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha

| Jorge de Sena |

12 de agosto de 2011




If you just get it together and read my mind
Then sleeping would be easy
And then i'll be there to acquiesce
I confess i'm in trouble

Another afternoon of increments
And asking the wrong questions
Then you get up and leave again
Just as the evening threatens to set

Consider this now it's not too late
I have watched you change
The colour of the trap

I have learned to wait
Most of the things that you say
I don't understand but i will sit and listen
I nod along attentively
But the truth is i cant concentrate

Consider this now it's not too late
I have watched you change
The colour of the trap
I have learned a way
Make no mistake
I have learned to wait
And learned you can make me
I need something to sort me out
I need someone to come and shake me

And your exit calms me down
Before it infuriates me
Girl i'm in trouble
Wish you'd just get it together and read my mind.

| Alex Turner, Colour of the trap by Miles Kane |

8 de agosto de 2011

two plus one


... há 32 anos que somos duas. Mas ouvi dizer que o melhor ainda está para vir*

6 de agosto de 2011

"Os pulmões são bonitos - nunca percebi porque é que as pessoas não os escolheram como lugar simbólico dos sentimentos, em vez da banalidade do coração. Os pulmões abrem e fecham, como se estivessem debaixo de água, esponjas do fundo do mar. O coração é apenas uma bomba. Como se pode preferir uma coisa que «bate», que não bate coisíssima nenhuma, a uma coisa que respira?"



| Miguel Esteves Cardoso, A Vida Inteira |


1 de agosto de 2011

«Todos vêem o que pareces, poucos sentem o que és.»
 
| Nicolau Maquiavel |